_ partitura
( 1 ) material gráfico, contendo notações impressas ou manuscritas, que mostra a totalidade das partes de uma composição musical; grade.
( 2 ) qualquer folha de papel
com notação musical.
para uma melhor visualização, acesse em um computador.
labirinto
Só cheguei a tempo de encontrar a solução
Foi só esse o tempo pra chegar à conclusão
A conclusão se despediu
A conclusão se despediu
Só sobrou cimento, terra, cal e a solidão
Só lidei com o assento, pela pá e a compaixão
A compaixão se despediu
A compaixão se despediu
Quanto mais espaço eles fingirem trabalhar pra ganhar
Mais tempo livre vão tratar de precisar
Precisão de tempo. Tempo livre pra gastar
Vão gastando o tempo até a nossa vida vir faltar
Faltar
Mais tempo
Mais tempo
Mais cachaça e pão, gelo e limão, prosa e dendê
Mais falta saber que cruz o óvulo vai ter!
Vai que a procissão é nosso espelho
Haja Santo pra tão pouco milagre
Abre a porta:
É espelho atrás de espelho
ultimato-me
É fato que se entende
o tal:
“O que se quer é pouco”
Mas quem escolhe esse tamanho?
Ainda que haja poesia
na antessala de um casarão
Ou na mobília clássica do escritório de um intelectual
É a decadência na mesa lustrada
e vazia que me interessa
É a biblioteca triste e impotente
que me ensina
O pó tirando a flanela /
O pó que tira a flanela
A marcha engatando o carro /
A marcha que engata o carro
A planta cortando a foice /
A planta que corta a foice
O lixo tirando o homem /
O lixo que tira o homem
A poesia se recria como o lixo
esterca o pé de azeitona /
A poesia se recria como o lixo
esterca o pé da Serra
O pé da mobília se dissolve
como o azeite faz combustível /
O pé da mobília se dissolve
como a serra faz combustível /
O pé da mobília se dissolve
como a serra faz boneca
E todos os vícios que possuímos serão esquives:
Que somos
Comecemos por construir nossos relógios de terra
E a levá-los aos dias chuvosos
Pois se até a dama-da-noite
engarrafamos pela essência
Só restarão ideias em nuvens
Assim cada salão limpo de nossa
sujeira
Será beira pros provisórios novos
movimentos
Que o carro nos engate e a
foice nos explique
O barro de nossa primitiva existência
O corpo é nosso próximo espaço?
visão noturna
VISÃO NOTURNA
VISÃO SOTURNA
VISÃO NOTURNA
VISÃO NOTURNA
VISÃO SOTURNA
VISÃO NOTURNA
inVISÃO NOTURNA
FUSÃO NOTURNA
indiVISÃO NOTURNA
inVaSÃO NOTURNA
indiVISÃO NOTURNA
NOTURNA
inVISÃO NOTURNA
FUSÃO NOTURNA
indiVISÃO NOTURNA
inVaSÃO NOTURNA
indiVISÃO NOTURNA
NOTURNA
Mais ilusão que turma
Mais desespero que urna
Tem sempre carne que una
Visão, paixão e fingimento
No lidar pela caminhada à furna
mais fingimento
mais fingimen to
VISÃO NOTURNA
fIsSÃO NOTURNA
VISÃO NOTURNA
reVISÃO NOTURNA
fIsSÃO SOTURNA
reVISÃO SOTURNA
mais ilusão mais ilusão
mais ilusão mais ilusão
Reposição NOTURNA
Disfunção NOTURNA
Castração DIURNA
Imposição SOTURNA
Disfunção SOTURNA
A Castração é DIURNA
é DIURNA
é
mais ilusão que furna
ninguém no cosmos
Vejo o cosmos
Vejo a vida me passar
Vejo flores
E o universo a se espaçar
Ninguém chegou
Ninguém ficou
E assim mesmo perguntou
Que tinha eu
Se com ninguém estava a andar
Quase companhia
Quase condição
Quase avisto alguém e a confissão
Todo o cosmos
Era flores no jardim
Hesitei
Ninguém me abraçou
Me agradeceu
Se despediu
E meu silêncio consentiu
Era por mim
Era a sós e mais ninguém
tua relação
Se tua relação com o conceito "escolha" for o mesmo que tens com o acto de "bem defecar", tens 99% de possibilidade de viveres de paz contigo mesmo
Eu não tenho escolha; e não, senhor e senhora autoridade retórica... a não escolha não é escolha em si. Por favor, se cale e oiça porque não estamos na creche... hoje TU cresce
Tu pessoa singular
Você pessoa singular, sim
Tu pessoa individual
Você pessoa individual, sim
Não tem mais do que uma maneira
de seres plena
Pleno
Tu és tu e tu é você e você é...
intestino, cérebro, óvulo
intestino, cérebro, óvulo
e singularidade material
e singularidade materia
Pleno, plena
Só dá pra ti de uma maneira
Perversidade da viabilidade
da dita escolha te mata e isso me dói...
Esse não foi meu contrato com Deus,
nem o meu
nem o meu
nem o teu
PUNK
D#m7 - B
O dia que troquei escolha por obediência comecei a aprender a viver no planeta Terra... Esse que ferra, estica e serra na esperança de angariar mais um escravo... Mais um escravo
O dia em que troquei escolha por obediência comecei a brincar, viver de Bem com a espécie humana; come através da carne da minha carne...
Dm7 C#m7 Cm7
Da carne, carne, carne
POP
|Amaj7 ---|F#m7---|
-“Gosto de arroz — obedece
Cérebro adora leite, intestinos não concordam. Quem tem autoridade? — obedece
Lamberia tudo o que ela me permitisse. É nuance? Vê, ouve, confirma — obedece Uma linha vira linhas e linhas viram dias e nada de frangos. Admite e obedece Gente gaga me dá comichão no testículo esquerdo. É melhor avisar — obedece”
Não escolhi nascer, quanto mais como
Não escolhi nascer, não escolhi com quem nascer...
Posso escolher em qual espelho deposito a autoridade do meu reflexo
pensei ter sido claro; claro, senhor e senhora filosofia a serviço do saber
|Amaj7 ---|F#m7---|
Da carne, carne, carne
a morte só existe na tua cabeça
(pt.1)
a morte só existe na tua cabeça
(pt.2)
ao pó
Personagens: NÁSTIO, BATERIA, BAIXO, GUITARRA e VOZ AO FUNDO
(A cena acontece nas salas de um estúdio de gravação no interior de São Paulo, num quente final de tarde de abril de 2019.
A bateria está sozinha na primeira sala, o baixo só tem duas cordas e é tocado com um slide, na mesma sala que a guitarra. Nástio está sem camisa diante do microfone, num cubículo com uma janela de onde pode ver tudo.)
COMEÇA UM SOM DE MAR, WOODBLOCKS E A GUITARRA SOLTA ALGUMAS NOTAS AGUDAS
O BAIXO ENTRA COM UM AR MELANCÓLICO:
NÁSTIO: Pudera lidar com o tempo
Pudera, quisera, fizera
Ainda que o andar fosse de espera
E da espera sobrasse o momento
GUITARRA FRASEIA
NÁSTIO: São tantos os diagnósticos imóveis
Que o movimento também se acomoda
Calcifica-se em tamanha patologia
Que o passo vira raiz.........
vira raiz........... vira raiz.............
ENTRA BATERIA
NÁSTIO: São tantos os filtros na imagem
Que a fotografia também se acomoda
Finca faca ao cair dos olhos
Ela se acomoda
Aponta coisa alguma ao cair da tarde, HMMPF!
E a verdade é que me pergunto: - Pudera eu lidar com o tempo?
Pudera, quisera, fizera
Ainda que o andar fosse de espera
E da espera, da espera sobrasse o lamento.
VOZ AO FUNDO: Da espera, da esperaaaaaaa
A BATERIA SAI RAPIDAMENTE E VOLTA
NÁSTIO: A vida elástica faz a dor do peito se acomodar
E se acomoda também, e se acomoda também
meus juros no banco, meus juros no banco
BATERIA ATACA OS PRATOS E VOLTA PARA SEU CLIMA ANTERIOR
NÁSTIO: Onde a conta vai sempre corrente
Onde a massa vai sempre corrida
VOZ AO FUNDO CANTA EM FORMA DE LAMENTO
BAIXO E GUITARRA MARCAM O RITMO E SOBEM A INTENSIDADE
NÁSTIO: Não é tão bom — mas acontece
Não gostaria — mas é uma fase
Seria melhor — mas não precisa
Não é tão bom — mas acontece
Não gostaria — mas é uma fase
Seria melhor — mas não precisa
SERIA MELHOR – MAS NÃO PRECISA!
SE ACOMODA, SE ACOMODA, SE ACOMODA!
COMO NÃO PRECISA !?
O QUE NÃO PRECISA!?
VOZ AO FUNDO CONTINUA CANTANDO
A BANDA TODA SEGUE COM MAIS VIGOR E AUMENTANDO A INTENSIDADE
BATERIA PÁRA DE TOCAR DEIXANDO OS GRITOS DA GUITARRA O RIFF DO BAIXO
PAUSA ABRUPTA E SOBRA O BARULHO DO MAR
NÁSTIO: Ė uma viagem né?
(TODOS SAEM)
FIM
Esta é uma obra da artista e designer Nina Vieira e da artista visual Juliana dos Santos em parceria com a artista Bruna Amaro a partir das traduções livres em partitura dos músicos Allan Abbadia e Fábio Sameshima das canções do álbum Visão Noturna. Este material foi criado em colaboração criativa com xs artistxs Achiles Luciano, Felipe Antunes e Jackeline Stefanski Bernardes em diálogo com a orientação cósmica para o Sul deste projeto transdisciplinar.
Nossa (Vi)Zine apresenta textos, imagens, colagens e partituras exclusivas combinando processos artesanais e digitais de criação, em uma autopublicação para comunicar e resistir em diálogo com as populares e independentes zines de contracultura.